segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

 MEU AVÔ

              A Carlos Drummond de Andrade

A noite encarcerada no armário
do relógio de pêndulo.
A poeira dos retratos mal escondida
o outro lado das histórias.
Os candelabros outrora luzidios
                           ora o azinhavre comedidamente corroía.

No espaldar vermelho das cadeiras coloniais
      os pregos lembram-se um dia terem sido dourados
      e o torneado dos pés e das pernas
      não faria má figura na base de uma arquitetura de Niemeyer.

Tapetes, tapetes, tapetes e mais tapetes
até mesmo no sétimo e no oitavo planos do espaço construído
como a sufocar lembranças e desejos reprimidos
como a querer guardar as dores de um passados que  (ainda não) morreu.

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