POEMA DAS OBRAS DO METRÔ
Tijuca, Rio de Janeiro, 1974
Placa das Mendes Junior
sobre banco de areia
- Neste banco não encontramos surfistas
tampouco superfície líquida esverdeada
onde os meninos do Rio
possam deslizar -
Poeira
placas de madeira azul
com aquele emezinho ridículo
Salve Piquirínguis!
Teu macacão está sujo de poeira
imundo de salários mal pagos
nojento de bilhões enfiados no bolso
dos senhores diretores
- promissórias de mordomia
afirmam alto e bem claro:
NÃO VALE COMO RECIBO
(ambientação de filme norteamericano
sobre a 2ª Guerra):
As motocicletas lusas
matracam dia e noite
tal qual metralhadoras
o ruído do compressor
sugere-se um caça-bombardeiro
a baixa altitude
Saens Peña O metrô nos desloca
bombardeada no tempo e no espaço
pelos bate-estacas não para Glória ou Estácio
é mas para
LONDRES 1944
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